Para quem não está por dentro, semana passada tivemos a celebração oficial de duas datas significativas para o campo do patrimônio cultural.
Dia 17 de agosto foi o Dia Nacional do Patrimônio Cultural, data que relembra o aniversário de Rodrigo Melo Franco de Andrade, o primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, criado em 1937 originalmente como Sphan.

A capoeira é uma manifestação cultural presente hoje em todo o território brasileiro e em mais de 150 países. Na foto, Roda de Capoeira do Mestre João Grande.
O legado de Rodrigo Melo Franco de Andrade se confunde com a trajetória da preservação do patrimônio cultural no país, a ponto de simbolizá-la. Ao término de sua gestão, a instituição estava consolidada, reconhecida no país e internacionalmente pelo êxito de suas ações e realizações voltadas para a preservação do patrimônio cultural. A data serve à valorização de nosso patrimônio cultural, expresso nos bens arqueológicos, arquitetônicos, paisagísticos, nas formas de expressão, modos de fazer, manifestações artísticas, e tantos outros elementos constituintes de nossas identidades.

Ouro Preto foi uma das primeiras cidades tombadas pelo IPHAN, em 1938, e a primeira cidade brasileira a receber o título de Patrimônio Cultural Mundial, conferido pela Unesco, em 1981.
Dia 22 de agosto foi o Dia do Folclore, data que celebra a nossa cultura popular, expressa em diversas manifestações artísticas, festividades, lendas e outros saberes e práticas, muitas vezes não consagrados. O termo folclore já foi bastante rediscutido dentro das ciências sociais, por referir-se inicialmente a um campo de estudos desenvolvido no século XIX, no qual atentava-se para a “cultura popular de uma sociedade civilizada” em contraponto a uma “cultura de elite”.

O Frevo é uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, densamente enraizada em Recife e Olinda, no Estado de Pernambuco.
Embora os estudos folclóricos tenham tido inspiração no Romantismo, onde acreditava-se que as camadas mais simples de uma sociedade costumavam apegar-se a elementos culturais do passado reforçando a noção de tradição como herança cultural estática, contribuíram com seus estudos e viagens exploratórias para a valorização e divulgação da arte popular. Hoje costuma-se utilizar os termos cultura popular e patrimônio cultural, que propõem o debate sobre as escolhas, a criação e o dinamismo das práticas e expressões culturais.

Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, no Estado de Goiás, – celebração de origem portuguesa, disseminada no período colonial pelo território brasileiro -segundo bem inscrito no Livro de Registro das Celebrações.
As datas oficiais são marcos, de forma a organizar simbolicamente as tantas vivências de uma sociedade e a sua complexidade histórica. Comemorar dias como estes servem ao exercício da memória e da cidadania – no sentido de refletir criticamente sobre nossas identidades e pertencimentos. Que tal levarmos essa atitude comemorativa para os dias que seguem? Todo dia é dia de valorizarmos o que somos e lutarmos pelo que amamos. Todo dia é dia do nosso patrimônio.